08 julho, 2008


Quando pequena, minha vó costumava levar-me à missa, e na hora de confessar eu tirava da cartola alguns pecados só para ter algo pra dizer, porque a verdade é que eu não sentia culpa por nada.
Por essa: a de ter que inventar culpas, entre outras, me afastei da Igreja. Hoje rezo do meu jeito, para um Deus que há muito já me absolveu do que não fiz.
Mas o que fazer com a culpa existencial que trazemos dentro, cuja única vítima somos nós mesmos? Nos deparamos com uma quantidade infinita de perdões absurdos que pedimos a toda hora: perdão por estar sofrendo, perdão por amar, perdão por não amar, perdão por estar feliz em meio ao caos... Praticamente pedimos perdão por existir. Não sou a única a inventar culpas que não tenho. Essa invenção de culpas é o nosso gás paralisante, essas culpas intrínsecas que nos impedem de tocar a vida de uma forma mais tranqüila e liberta.

Nossos sofrimentos psíquicos são criados por nós. Nossa martirização é falta de amizade conosco. Querer estar no controle de tudo é absolutamente estéril: nossa compreensão do mundo é limitada e as coisas acontecem a nossa revelia. Por que assumir a responsabilidade sobre algo que não temos domínio?

Que tenhamos, isso sim, a responsabilidade de viver com integridade, com amor e com a aceitação do que nos é possível absorver. "Ser melhor o que se é/ vale mais que ser melhor do que se é". É tão simples que parece confuso.

A base de toda culpa é isso: desejar ser alguém que não somos.
O nirvana está em aceitar nossa incapacidade de domar sentimentos e entregar-se a eles sem resistência.

2 comentários:

Unknown disse...

Lindoooo Ca! Amei...quem escreveu? Vc??
beijo grande, Fabi

Anônimo disse...

Vivamos sem culpas... porque de culpas e desculpas o mundo está cheio. Bjs, Ci