09 junho, 2009


Onde é que você queria estar agora, neste exato momento?
Fico pensando nos paraísos que já estive. Nas areias daquela praia em Fernando de Noronha, nas estradas margeando os vinhedos na França, no fundo do mar esmeralda de Cozumel, na vista do centésimo andar daquele prédio em Tókio, no sofá da casa da minha amiga Leonília, naquela cadeira apertada na casa de show vendo Bethania cantar, e principalmente, no meu quarto e na minha cama, que nenhum hotel cinco estrelas consegue superar. A intimidade da gente é irreproduzível.

Mas poderia também pensar por eliminação, listando os lugares onde não gostaria de estar: numa mesa de escritório, num leito de hospital, numa fila de banco, numa reunião de condomínio, presa num elevador, em meio a um congestionamento, numa cadeira de dentista.

E então? Somando os prós e os contras, as boas e más opções, onde, afinal, é o melhor lugar do mundo?

Dentro de um abraço.

Que lugar melhor para uma mulher apaixonada, para uma criança, para um velhinho, para uma menina com medo, para um doente, para quem está solitário? Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro. Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, tanto melhor.

Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço, se dissolve.

Que lugar melhor para um recém-chegado, para um recém-nascido, para um recém-demitido, para um recém-contratado? Dentro de um abraço nenhuma situação é incerta, o futuro não amedronta, estacionamos confortavelmente em meio ao paraíso.

O rosto contra o peito de quem te abraça, as batidas dos dois corações, o silêncio de segundos que se instaura durante esse contato: nada há para se reivindicar ou agradecer, dentro de um abraço voz nenhuma se faz necessária, está tudo dito.

Que lugar no mundo é melhor para se estar?

Na frente de uma lareira com um livro estupendo, em meio a um estádio lotado vendo seu time golear, num almoço em família onde todos estão rindo, num final de tarde de frente para o mar, deitada num parque olhando para o céu, na cama com a pessoa que você mais ama?

Difícil bater essa última alternativa, mas onde começa o amor, senão dentro daquele primeiro abraço?
Alguns o consideram como algo sufocante, querem logo se desvencilhar dele. Claro que há momentos em que é preciso estar fora de alcance, livre de qualquer tentáculo.
Esse desejo de se manter solto é legítimo, mas hoje não vou endossar manifestações de alforria.
Entrando na semana dos namorados, recomendo fazer reserva num local aconchegante e naturalmente aquecido: dentro de um abraço que te baste.

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