31 dezembro, 2009


Bem-vindo, ano de 2010! Que você nos venha tão exuberante quanto o número que tem, redondo. E ao mesmo tempo saiba ser delicado, lírico, elegante. Que seja um ano para se aproveitar a seu tempo e que seu tempo passe em horas douradas, preenchidas por sorrisos francos, corações que ardem, consciência limpa e braços abertos.

Seja leve ano-novo. Não pese.

Não haverá de faltar alguma fatalidade. Inevitáveis maremotos, previsíveis corrupções, algum novo vírus, e algumas barbaridades em nome de Alá. Sei que você tem que dar continuidade ao rumo da história e não pode nos poupar de certas calamidades. Mas que sejam mínimas, cada vez menores, e que não nos façam esmorecer.

Mantenha o pior sempre distante. A uma certa distância que nos faça crer que jamais pode, de fato, nos atingir. Bem perto mantenha os amigos verdadeiros e também os de boa conversa, músicas, filmes, livros que resgatem o melhor já vivido - e que nos façam querer viver o melhor, encontros que devem ser repetidos, viagens para lugares desconhecidos, domingos sem nos preocupar com a segunda, manhãs sem despertador, e principalmente momentos de amor, intensos, molhados e demorados – de preferência com aquela única pessoa, aquela que, se ainda não chegou, já está predestinada nas previsões de ano-novo. Se ela não tiver chegado, que venha logo, e não se vá.

Sendo um ano de copa-do-mundo, que você nos conceda a taça. E sendo um ano de eleição, nos inspire a votar lucidamente, sem mais do mesmo. Que a gente possa discernir quem será o certo entre tantos errados.

No quesito pequenas epifanias: seja o ano em que os operadores de telemarketing não nos torturem mais, que os motoboys de São Paulo descubram um modo mais produtivo e gentil de viverem, que os vinhos tenham uma excelente safra a preços reduzidos, que não recebamos mais faturas de serviços cancelados, que todos os fanáticos torcedores, pichadores e esse tipo de gente que joga lixo nas ruas se dêem conta de sua idiotice e que, 2010, você nos livre da hipocrisia e do tipo de sinceridade perniciosa. Que a gente diga “não” a perguntas do tipo “posso te dar um conselho?”. Muitas vezes, dizendo “não”, ganhamos mais tempo pro sim.

Faça com que as pessoas pensem mais no que fazem e que queiram fazer coisas melhores por si próprias e pelos outros. Faça com que não se sintam em desvantagem pela felicidade desses outros. Se isso é pedir demais, então que ao menos todo mundo descubra como se sentir bem do seu próprio jeito. Quando se é mais feliz, há menos chance de provocar a infelicidade de outro alguém.

Permita alguns pequenos luxos como umas boas massagens, flores frescas na mesa de casa, um bom champagne na geladeira para brindar momentos especiais (que hão de ser muitos e muito, muito especiais), viagem nas férias de 30 dias.

Seja, 2010 um ano luminoso, despretencioso, poético, desencanado, energético, musical, mais natural, menos eletrônico, mais caloroso, solidário, acolhedor, romântico. Um ano um tantinho “bicho-grilo”, no estilo flower-power. Pode não ser original mas vale o revival.

Trate de ser generoso ano-novo, de todas as formas. E que aproveitando as suas ofertas, não usemos mais a falta de dinheiro, a de tempo ou a de oportunidade como desculpas para deixarmos que anos como você, 2010, passem por passar.

Um comentário:

Wacinom disse...

Que seu 2010 seja iluminado para que continue a iluminar minhas retinas com seus textos.
Beijos Cá.
saudades de Ti.