24 dezembro, 2011

A delícia que é abrir um livro e descobrir um novo primeiro parágrafo.



"Ms.Dalloway decidiu que ela própria iria comprar as flores..."  O valor de um grande começo. A expectativa que de imediato gera na gente.


Tão bom que inícia assim, como se início nem fosse. Rapidamente, você já está lá, em outro lugar; em outro tempo, em outra página.


E você diante de certos começos, sorri antecipado. Pressente que a vida, a partir dali, vai ter um pouco mais de graça.


Um bom começo é sempre um convite. Convite de quê? A gente só descobre com a história em si. E, claro, não são apenas os livros que, ainda bem, têm esse poder, essa habilidade de renovar a nossa vida.


Os discos são assim.


As viagens são assim.


Uma garrafa de vinho é assim.


Uma esquina qualquer, na verdade, também guarda esse mistério.


E as pessoas, sim, as pessoas são assim.


Um telefonema, um e-mail, um breve aceno, um esbarrão, um encontro, um desencontro, um sorriso, qualquer coisa pode ser O Início, com direito a letra maiúscula e tudo.


Crianças, por sinal, são constantes começos. O comentário nunca é obvio. A reação nunca é previsível. Como resgatamos isso? :


"- a mãe com um baralho de tarô e o filho pergunta: - a gente pode perguntar coisas prá essas cartas? - Pode sim! - Ele se concentrou, concentrou e perguntou muito sério: Quantas sementes tem uma laranja?"


Até o tarô ficou sem resposta. Que bom, melhor assim. Daí pergunto eu: quantas sementes terão 2012? Muitas, eu espero. Também vai depender da gente. Sempre depende. Da nossa capacidade de se deslumbrar. De ir junto. De embarcar. De folhear a vida. E, ao se deparar com o instigante, que a gente não prefira, simplesmente, deixar o livro (ou a laranja) pra depois.


Feliz 2012. Pra você, pra mim, pra todos nós. Que o começo do ano traga, justamente, o que ele tem de melhor. A esperança de renovação. A vontade de ir adiante. O sonho de começar e recomeçar e começar de novo, mais uma vez e como se desta vez fosse outra vez, a primeira de todas as vezes.

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