
Chego ao final de 2008 ao modo de um maratonista amador que não venceu a corrida - como já era previsto - mas que se manteve correndo e cumpriu o circuito. Então se permite a felicidade porque é um vitorioso, já que venceu seus próprios limites. Mas também se sente exaurido pelo esforço e aliviado pelo fim da maratona.
Nesse final da maratona 2008 há alguns amigos aos quais eu gostaria de dizer algumas palavras de agradecimento por terem participado do meu circuito. Uns me ofereceram a água que pode saciar algumas de minhas sedes, outros me aplaudiram a distância, mas se mantiveram ao alcance, caso eu tropeçasse. Já alguns, cobraram uma melhor performance, e assim fizeram-me entender que a dúvida pode ser a melhor impulsionadora na busca de alguma verdade.
Listei os nomes a quem eu escreveria algumas palavras de final de ano. Mas, pela exaustão - minha própria, e , pela exaustão do se há a dizer a essa altura do campeonato, acabei por me decidir a não enviar cartões de natal.
Então me deparei com um livrinho com textos de Drummond, chamado Receita de Ano Novo, que há tempos não consulto, e reli a crônica sobre um certo João Brandão, personagem que significa um João qualquer, qualquer um – até eu ou você. Ele conta:
“Cheguei ao ponto construtivo destas considerações. João Brandão, que às vezes é modelo de sabedoria relativa (a absoluta consiste em deixar a fantasia agir), contou-me que todo ano recebe um cartão nesses termos: “CALMA, RAPAZ”.
“E quem é que te manda este cartão?” perguntei-lhe. “Eu mesmo. Entro na fila, compro o selo, boto na caixa. Porque se eu não fizer isso, ninguém o fará por mim. Ao receber a mensagem, considero-a mandada por amigo vigilante e discreto, e faço fé na recomendação, que eu não saberia me impor, diante do espelho”. Pausa e continuação:
“Tem me ajudado muito. Você já reparou que ninguém recomenda calma a ninguém, na época de desejar coisas?
Deseja-se prosperidade, paz, amor, isso e aquilo (´tudo de bom pra você´), mas todos se esquecem de desejar calma para saborear esse tudo de bom, se por milagre ele acontecer, e principalmente o nada de bom, que às vezes acontece em lugar dele.
Como você está vendo, não chega a ser um voto que eu dirijo a mim próprio, pelo correio. É uma vacina”.
Então, meu cartão de Natal para você baby, segue em branco. Para que você escreva nele o que deseja a si próprio em 2009.
Qual a vacina que você precisa?
Pense com cuidado numa boa frase, um lugar comum ou incomum, algo profundo ou raso, inventada por você ou pelo acaso.
Eu tenho algumas para mim que talvez sirvam para você:
“Saiba o que não é importante”
“Não espere pelo momento certo. Ele não vai chegar”
“Deixe que tudo venha e que tudo vá”
“Não seja uma pedra em seu próprio caminho”
“Tenha o hábito da coragem”
“Carpe Diem”
....
....
E muitas mais.
Eu espero que nossa corrida em 2009 seja mais calma. E que possamos ser felizes assim em nossas perdas como em nossas vitórias.
Feliz reta de chegada aonde você deseja.
2 comentários:
Baby,
apesar de saber que a linha de chegada é imaginária,pq a maratona, assim como a vida, só acaba quando termina, comemoro tb mais um ciclo/ano que se fecha. Olhando no retrovisor, entre as pedras preciosas que topei no caminho, está vc. Que vc tenha tudo o que deseja e, sobretudo, continue a desejar. bj grande, Mô
Adorei. Vou "plagiar" , posso? Enviar vários cartões em branco...Ou senão apenas um, a mim mesma.
Um abraço
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