24 janeiro, 2009


Sinto o abraço do tempo
apertar
E redesenhar minhas escolhas

Logo eu
que queria mudar tudo
Me vejo cumprindo ciclos
Gostar mais de hoje
gostar disso

Me vejo com seus olhos tempo
Espero pelas novas folhas
E imagino jeitos novos
para as mesmas coisas

Logo eu
que queria ficar
Pra ver encorparem os caules

Lá vou eu,
eu queria ficar

Pra me ver mais tarde
Sabendo o que sabem os velhos

Pra ver o tempo
e seu lento ácido
Dissolver o que é concreto

E vejo o tempo em seu claro escuro
Vejo o tempo em seu movimento
Me marcar a pele a fundo
Me impelindo,
me fazendo

Logo eu
que fazia girar o mundo

Logo eu, quem diria,
esperar pelos frutos

Conheço o tempo em seus disfarces
Em seus círculos de horas
Se arrastando feito meses
Se o meu amor demora

E vejo bem tudo recomeçar,
todas as vezes

E vejo o tempo apodrecer
e brotar
E seguir sendo sempre ele

Me vejo o tempo todo
começar de novo
E ser
e ter tudo pela frente.


(Adriana Calcanhoto - Abril . Na voz linda de Leila Pinheiro)

Um comentário:

Zine Qua Non disse...

Um recomeço constante...