
Sinto o abraço do tempo
apertar
E redesenhar minhas escolhas
Logo eu
que queria mudar tudo
Me vejo cumprindo ciclos
Gostar mais de hoje
gostar disso
Me vejo com seus olhos tempo
Espero pelas novas folhas
E imagino jeitos novos
para as mesmas coisas
Logo eu
que queria ficar
Pra ver encorparem os caules
Lá vou eu,
eu queria ficar
Pra me ver mais tarde
Sabendo o que sabem os velhos
Pra ver o tempo
e seu lento ácido
Dissolver o que é concreto
E vejo o tempo em seu claro escuro
Vejo o tempo em seu movimento
Me marcar a pele a fundo
Me impelindo,
me fazendo
Logo eu
que fazia girar o mundo
Logo eu, quem diria,
esperar pelos frutos
Conheço o tempo em seus disfarces
Em seus círculos de horas
Se arrastando feito meses
Se o meu amor demora
E vejo bem tudo recomeçar,
todas as vezes
E vejo o tempo apodrecer
e brotar
E seguir sendo sempre ele
Me vejo o tempo todo
começar de novo
E ser
e ter tudo pela frente.
(Adriana Calcanhoto - Abril . Na voz linda de Leila Pinheiro)
Um comentário:
Um recomeço constante...
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